sexta-feira, maio 28, 2010

Sobre dar aulas e sobre dar aulas de História

recomendo!

enviado por Suzana Gutierrez via Google Reader:


texto de Ana Paula - via Urbanamente on 28/05/10

Ontem, enquanto eu voltava pra casa depois de mais uma aula de História da Cidade na FAU, eu vim pensando um monte de coisas, e me deu vontade de falar sobre elas.
O tema da aula (conforme o programa) era Cidades Islâmicas, e eu comecei questionando a terminologia e dizendo que eu preferia chamar de Cidades Muçulmanas. Claro que os alunos já levantaram a sobrancelha pra perguntar que diferença existe. Aí um levantou o dedo pra saber por que não Cidades Árabes, e eu adorei a deixa.
Não, não vou explicar a diferença agora, porque eu quero falar de outro assunto (depois eu volto nesse, se houver interesse). Mas acabou que eu achei importante falar de algumas questões básicas antes de entrar no assunto urbano propriamente, e no fim das contas vou ter que apresentar o resto da aula em outra semana ou preparar decentemente os slides que eu fiquei devendo, com as imagens que ilustram o que eu falei. Fiquei agradavelmente surpresa com o interesse dos alunos por um tema que a gente tem tão pouca oportunidade de discutir e sobre o qual, de maneira geral, temos uma visão tão parcial, tão limitada. É triste perceber que, quando se fala a palavra "muçulmano", o estereótipo imediato são as imagens de mulheres de burca e homens-bomba, como se fosse tudo um grande bloco monolítico, cujo foco reside ali naquele miolo do Oriente Médio que o pessoal não sabe nem localizar no mapa. E aí é uma surpresa descobrir que há uma imensa variedade de visões e interpretações doutrinárias dentro da vivência islâmica, que há muçulmanos vivendo em todos os continentes do planeta, e em cada lugar a própria prática da religião assume aspectos diferentes, sem falar nas tradições e costumes sociais, e que há mulheres que gostam de usar o véu e não deixariam de usá-lo nem que deixasse de ser obrigatório. E que isso não impede que elas trabalhem, estudem, usem maquiagem, pintem as unhas de vermelho e comprem lingerie sexy. Não estou dizendo que são todas assim, mas estou dizendo que existem possibilidades distintas dentro do mundo islâmico, uma riqueza e uma multiplicidade de experiências que nós normalmente ignoramos. E perguntar-se POR QUE nós ignoramos é fundamental. A velha história do Outro e do temor que o Outro representa.
Mas aí eu vim pensando essas coisas, e me lembrei que esta mesma semana uma outra aluna veio me procurar no fim da aula pra dizer que queria trocar de turma e vir assistir aula comigo, porque ela tem dificuldades de se concentrar e dispersa muito fácil, daí sempre teve problemas com aulas teóricas e expositivas, porque quando ela se dá conta, o pensamento já tá muito longe e ela não tem idéia do que o professor estava falando, por mais que se esforce por prestar atenção. E que, tendo assistido uma aula minha ela conseguiu acompanhar e entender tudo, porque minha aula era mais "animada".
Não vou entrar no mérito da saia justa em que isso me coloca, porque o período de alterações de inscrição em disciplina já acabou e o Departamento recomendou expressamente que os alunos permancessem nas turmas em que estão inscritos, nem vou também falar que isso evidentemente alimenta minha vaidade, porque eu luto com ela diaria e sinceramente, e sei que se der sopa ela aparece toda rebolativa e o risco de estragar tudo fica gigante. O que acontece é que isso me botou pra pensar em coisas sobre o ofício de dar aulas, sobre meu jeito particular de dar aulas e refletir sobre os prós e contras de tudo.
Eu saí dali rindo um pouco por dentro, e achando que no fundo o que a aluna quis dizer é que minha aula é performática. E é verdade, tem um pouco de teatro em tudo. Não que eu não seja uma pessoa expansiva e otimista na minha vida em geral, ou que uma aula seja uma farsa, mas há uma certa representação ali, um timing, um ritmo que a gente vai regulando. Tem a hora da piadinha, tem a hora de afrouxar a linguagem, a hora de usar os termos todos corretos e formais. Eu falo alto, eu gesticulo, eu ando pela sala, eu gosto de saber o nome dos alunos para interpelá-los nominalmente, eu fico enfática de vez em quando (e provavelmente vermelha). Os alunos sabem que eu sou flamenguista (e eu sempre brinco quando chega um com camisa de outro time, dizendo que vai perder ponto na prova), sabem que eu tenho dois filhos adolescentes, que eu gosto de cinema e literatura. E eu não sei explicar como, dando aula há vários anos, sempre brincando e tendo um jeito muito afetivo em relação às minhas turmas, eu nunca tive casos de insubordinação em sala, nem nunca alunos que cruzaram o limite da intimidade. A maioria inclusive me chama de "senhora", mesmo pra fazer alguma brincadeira. Quando eu era bem mais jovem eu achava ruim, tinha vontade de dizer "que isso, pode me tratar por você", depois passei um tempo encucada achando que eu devia estar ficando mesmo velha, e hoje acho tranquilíssimo. Não me sinto velha por ser chamada de senhora e vejo nisso, pelo contrário, um sinal de respeito e reconhecimento de autoridade quase carinhoso, até. Não ligo e até gosto, embora jamais fosse exigir esse tratamento caso o aluno me trate por você. O respeito não está exclusivamente nas palavras, mas num conjunto muito mais amplo de atitudes e postura.
Claro que já enfrentei discordâncias, algumas mal-humoradas, outras tremendamente respeitosas e pertinentes, com as quais aprendi muito, já revi avaliações, já mantive avaliações apesar do chororô, me dói reprovar aluno, mas eu reprovo se precisar, graças a Deus não sou unanimidade e sei que tem aluno que não gosta de mim ou do meu jeito, mas de maneira geral consigo estabelecer relações muito amistosas com a maioria, que duram às vezes muito além da sala de aula, e gosto disso. Mas quando a menina falou que minha aula é animada, eu me dei conta, talvez pela primeira vez, que é verdade, eu fico mesmo cansada e suada depois de cada aula, como se eu tivesse dispendido ali enorme energia. Não sei se terei esse pique sempre, talvez seja bom se eu aos poucos ficar mais sábia e madura e aprender a dar boas aulas sem me desgastar tanto. O que eu sei é que hoje eu sou assim.
Hoje eu tenho urgência. Eu preciso me apaixonar por um assunto pra poder dar aulas sobre ele. Na minha cabeça, o professor tem um papel que é também de sedução, de cativar o aluno, de trazê-lo para esse universo novo e fazê-lo se interessar por ele. Eu já descobri que o meu prazer maior não é ensinar, é ver o aluno aprender. Testemunhar esse momento em que brilha um olho, ou ouvir um único aluno dentro da turma vir dizer que agora conseguiu entender alguma coisa, ou passou a gostar de uma matéria que ele antes achava um saco, compensa todas as noites em claro preparando aula, todo o cansaço. Adoro quando os alunos tiram notas boas (mas não faço prova mole), e mais ainda quando alguém que começa o semestre mal chega no final com melhora significativa. Sinal de alguma coisa ali fez sentido. Talvez por isso eu goste tanto de dar aulas na graduação, e especialmente nos primeiros períodos. É uma diversão desconstruir alguns mitos e manias que vêm do ensino médio, enfiar minhocas na cabeça da garotada, botar o povo pra pensar e questionar coisas que sempre pareceram tão "naturais". E aula de História é uma beleza pra isso.
Só que eu também fiquei me perguntando coisas. Deixa eu ver se sei explicar. Eu amo História. Mas há muito tempo eu deixei de ver a História como uma linha universal em que se sucedem períodos (numa pressuposição de escala evolutiva), delimitados por datas específicas, como se o mundo todo estivesse vivendo os mesmos processos ao mesmo tempo e depois passassem todos para a etapa seguinte, e nos bastasse seguir o fio dessa meada. Que é mais ou menos como a gente aprende na escola: os gregos, os romanos, a idade média, o renascimento, a idade moderna, etc. E não é nada disso.
Pra começar, a gente ainda estuda uma história tremendamente eurocêntrica. Tá bom que nós (e aqui eu estou falando de nós, brasileiros) descendemos em grande parte desse ramo aí que vem desde os gregos ou antes. Não estou falando de descendência genética, mas de filiação filosófica, ideológica, política. Mas eu acho que a gente precisa pelo menos de vez em quando alertar os alunos para o fato de que há um mundo vasto e diverso além daquele umbigo. Existem outros povos, com outras formas de viver, de fazer cidades, de pensar. Que o Império Romano não abarcava o mundo inteiro, que tem a Índia, a China e o Japão vivendo outras coisas, sem falar nos povos e civilizações que estavam ali do lado, nas fronteiras do império. Que enquanto a maior parte da Europa vivia a retração urbana da Alta Idade Média, Bagdá tinha mais de um milhão de habitantes e era a maior e mais rica metrópole do mundo, onde florescia não só o comércio intenso, mas a matemática, a literatura, a filosofia. Sem falar na África e nas Américas, que só entram nos nossos livros de História quando os europeus chegam lá, como "descobridores" (parece que esses lugares não existiam antes), como colonizadores, como capturadores de escravos, dizimadores de índios, portadores da civilização. E ainda tem a Oceania que a gente nunca nem estuda pra nada.
Por tudo isso, eu tenho muita dificuldade com essas divisões didáticas de eras e datas. Eu sempre acho que quando tematiza demais a impressão que fica é de que aqueles episódios ou civilizações são estanques, um sucede ao outro ordenadamente, quando na verdade há sobreposições, conflitos, convergências. É preciso fazer leituras sincrônicas (do que acontece em lugares diferentes ao mesmo tempo) e diacrônicas (do que acontece nos lugares ao longo do tempo) meio simultaneamente. Só que ver isso transforma a história (como a vida) num painel multidimensional e dinâmico, com vários sujeitos, várias perspectivas. E como passar isso é algo que me aflige às vezes.
Eu tendo a ver os temas de aula sempre inseridos num panorama mais amplo e me interessa entender os processos, de onde vieram aquelas coisas e pessoas, para onde foram, as relações que estabeleceram. O Outro, de qualquer tempo ou lugar, me interessa. Saber como ele vê as coisas, de que lugar ou posição ele fala, tentar, por um breve instante, ver e sentir o mundo como ele vê e sente, seus objetivos, seu ponto de vista. As idéias me empolgam, os conceitos por trás das ações, os encaixes, as diferenças. O nome ou a data a gente acaba absorvendo de tanto ler e estudar, mas não são o objetivo. Eles têm sua importância: ajudam a pontuar, localizar, identificar, dão nome e rosto, mas estão a reboque de um entendimento mais amplo.
Eu junto muito Urbanismo e Arquitetura. Não dá pra falar de cidade sem falar de arquitetura, e vice-versa. Eu junto também História e Geografia. Eu tenho fascinação por mapas, sempre tem mapa nas minhas aulas, a gente fala de tantos lugares diferentes, eu gosto de dar ao aluno a chance de saber onde é que fica aquilo (ou ficava, quando hoje não existe mais). Relacionar o que está sendo dito com coisas que ele conheça. Por exemplo, em outra turma eu estava essa semana falando sobre a Reforma de Viena no final do século XIX e a construção do ringstrasse. Aí eu me toquei que eu falava da Áustria e provavelmente a maioria ali estava pensando na Áustria de hoje, e eu pus um mapa de 1900, pra lembrar a eles que, quando eu falasse "Áustria" nesse contexto de final do século XIX-início do XX, eu estava me referindo ao grande Império Austro-Húngaro, um território que abarcava partes do que hoje é a Alemanha, a Polônia, A Hungria e os Bálcãs. Historicamente, é outro lugar. Eu fico sempre preocupada e perplexa com o fato de que as pessoas sabem muito menos geografia hoje. Tá bom que decorar por decorar é um saco e não faz sentido, mas eu sabia onde ficavam os principais rios e cadeias de montanhas do mundo todo, e as capitais dos diversos países, e isso caía em prova. Daí, hoje, se alguém falar Mar Cáspio, ou Negro, ou Estreito de Bósforo, ou Pirineus, Apeninos, Rio Danúbio, Rio Arno, Rio Eufrates, o mapa vem na minha cabeça rapidinho e eu sei onde fica. E isso ajuda a fazer relações geopolíticas, entender por que a conquista de determinado território era estratégica, ou por que determinado povo demorou para chegar a determinado lugar em seu processo de ocupação do território.
A minha dificuldade às vezes, é que na minha cabeça vem tudo junto, um quadro grande, tudo ao mesmo tempo agora. E um monte de referências pop também: músicas, filmes, livros. Isso às vezes é um problema, e às vezes causa grandes risadas. Porque de vez em quando eu cito, toda contente, crente que estou abafando, um filme ou música que pra mim é manjadíssimo, e ficam aquelas 30 carinhas me olhando com cara de "hein?". E aí eu vejo que eu tou ficando velha mesmo. Ou o povo tá ficando menos informado. Caramba, eu nasci na década de 60, mas isso não me impede de conhecer Cole Porter, ou ter visto filmes das décadas de 30 e 40, ou lido Jane Austen. Mas outro dia, falando da colonização dos Estados Unidos, e mencionando a importância, em determinado momento, da cidade de Filadélfia, eu mencionei Philadelphia Freedom do Elton John e ninguém sabia do que se tratava. Pior foi o mico dessa aula sobre Viena, quando eu perguntei se eles já tinham visto Sissi, a Imperatriz. Eu fiquei me achando um Matusalém. Aí zanguei (de brincadeira) e mandei todo mundo ir perguntar pras mães sobre o filme. Não é possível que as mães desses meninos não tenham visto isso na Sessão da Tarde.
Eu sempre mando ver filmes, ler livros, ouvir músicas. Eu levo pilhas de livros meus (de ficção, romances, ou de estudo mesmo) pra sala, pra eles folhearem. Isso tudo pode ser bem legal, e "animado", como disse a aluna, mas pode também ser cansativo, agitado demais, disperso. Essa coisa de ver o conjunto e cruzar tantas referências pode me levar a perder o foco da aula, e eu sei que vira e mexe eu estouro o tempo antes de ter falado tudo o que eu tinha pensado em apresentar. A gente tem que fatiar a história em pedacinhos (com começo, meio e fim) pra caber no tempo da aula, e ao mesmo tempo articular, contextualizar, costurar os assuntos. E tudo isso tem que fazer sentido. Não é fácil. Talvez às vezes fique confuso. Eu gostaria sempre que os alunos me dessem um feedback se as coisas estão indo rápido demais, ou lento demais, ou repetitivo, ou confuso simplesmente. A vida é confusa, vamos combinar. As coisas não cabem em gavetinhas. Mas o papel da gente ali na frente, pilotando o quadro e o giz (eita coisa antiga) é ajudar a trilhar esse caminho. Eu tenho tantas dúvidas, mas eu amo tanto o que eu faço, que desejo e me esforço para fazer bem. Se tocar alguém, eu fico feliz.

Things you can do from here:

terça-feira, maio 18, 2010

Tirar o carro amarelo da garagem

Mais jogos no Blog da Márcia!

 
 

Sent to you by Suzana Gutierrez via Google Reader:

 
 

via Me Acharam? by Márcia Ribeiro Paganella on 17/05/10




LEIA COM ATENÇÃO AS ORIENTAÇÕES! E depois,Clique para Jogar
Tente tirar o carro amarelo da garagem movendo os obstáculos:
Carro amarelo - movimentos pra frente e pra trás.
Carro vermelho - movimentos pra frente e pra trás.
Carros roxos - movimentos pra cima e pra baixo
Caminhões - movimentos pra cima e pra baixo ou pra frente e pra trás.
Tentar tirar o carro amarelo da garagem o mais rápido possível e passar pelas 60 fases em menos tempo.

Esse blog é um pouco de mim, minhas coisas, minhas fotos, meus pensamentos malucos ou nao, minhas musicas...

 
 

Things you can do from here:

 
 

domingo, maio 16, 2010

Sobre o Jecripe - Jogo de Estímulo à Crianças com Síndrome de Down

Em abril passado foi lançado o Jecripe, tido como o primeiro jogo para crianças com Síndrome de Down com a proposta de trabalhar áreas que necessitam ser estimuladas em crianças com a síndrome: linguagem, percepção, coordenação viso-motora, motricidade...

Minhas impressões sobre o jogo:
  • Jecripe não é um software para crianças com Síndrome de Down. É um software para algumas crianças com Síndrome de Down.
  • As propostas de atividades são direcionadas à uma determinada faixa etária. Crianças em idade pré escolar se beneficiariam dele, ao passo que seria compreensível que à uma criança de oito anos, por exemplo, não despertasse nenhum interesse. Da mesma forma, poderá ser explorado de modo a favorecer o aprendizado e o desenvolvimento de uma criança sem a síndrome. Ou seja, beneficiar qualquer criança, desde que esteja adequado à sua faixa etária e ao seu nível de desenvolvimento.
  • Possui uma interface simples e acessível, com boa qualidade áudio-visual.
  • O direcionamento dado pela personagem que conduz à criança para as atividades é importante, considerando-se que aquelas com pouca familiaridade com as ferramentas computacionais e menor nível de autonomia poderão interagir com o jogo. Entretanto, como um jogo de estímulo, deveria promover maiores desafios, de forma a fazer com que a criança sinta-se motivada a avançar em suas conquistas, agindo com progressiva autonomia.
Algumas considerações sobre softwares e deficiência intelectual:
  • A utilização de softwares prontos (pacotes) podem incorrer em padronização do ensino.
  • Existe uma idéia equivocada de que entre pessoas com deficiência intelectual existe uma universalidade de características comuns à todos. É preciso que antes da deficiência esteja a criança. Com suas especificidades, seus gostos, suas características pessoais, seu ritmo, suas habilidades, suas limitações, suas necessidades...Suas. De cada um e de todos de forma diferenciada.
  • Softwares direcionados a este ou aquele público, com esta ou aquela finalidade - definidas a priori - podem limitar, engessar o professor podendo, igualmente limitar o aluno.
  • Mais importante que a tecnologia é a pedagogia. Aliados à uma intervenção de qualidade do professor, os softwares podem ser importantes instrumentos para a aprendizagem. Uma mesma ferramenta pode ser educativa ou não, servir ou não ,dependendo de todas as variantes que se apresentarem: do contexto, do olhar do professor, do objetivo...

sexta-feira, maio 14, 2010

Ministério do Meio Ambiente coordenará inventário sobre produção e descarte ...

 
 

Sent to you by Suzana Gutierrez via Google Reader:

 
 


Foi firmado um acordo histórico entre o Compromisso Empresarial para a Reciclagem (CEMPRE) e o Ministério do Meio Ambiente para a realização de inventário de produção, recolhimento e reciclagem de resíduos eletrônicos no Brasil.

Segundo depoimento da Ministra Isabella Teixeira à Agência Brasil, o objetivo do acordo é dimensionar o a geração e o destino de lixo eletrônico no país. Já não era sem tempo, visto que a falta de dados sobre o descarte de equipamentos eletro-eletrônicos no Brasil foi criticada no último relatório da ONU sobre o tema. A previsão do Ministério é ter o inventário feito em quatro meses e "contará com a participação de todas as empresas que fazem parte do Comitê Eletroeletrônico do Cempre. Também vamos convidar as outras associações que representam o setor eletroeletrônico. Tudo isso sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente", disse a ministra.

A CEMPRE aproveitou o momento político e publicou uma lista semelhante à nossa, com alguns postos de coleta de resíduos eletro-eletrônicos, além de um  portal explicativo sobre o processo industrial de fabricação e reciclagem de eletrônicos, interessante apesar do tom empresarial exageradamente otimista.

A ministra ainda disse à Agência Brasil que "estamos (o Ministério do Meio Ambiente) nos antecipando a uma lei (Política Nacional dos Resíduos Sólidos) que está sendo votada para permitir que o empreendedor ou aquele que gera um produto, que vai dar no resíduo [lixo], tenha a responsabilidade de recolhe-lo, dando a esse produto a destinação adequada".

Parabenizamos a iniciativa do acordo, mas lembramos que a gestão de resíduos sólidos no Brasil é desastrosa: muitos municípios ainda não tem aterro sanitário, os lixões contaminam águas, comunidades próximas e ainda servem de fonte de alimentos para muitos miseráveis, a coleta seletiva é pouca expressiva e nos casos mais exitosos, como o do alumínio, o trabalho é realizado em condições péssimas de segurança e salubridade por catadores e sucateiros. Ou seja, DEMORAMOS para começar a solucionar esse problema!
O lixoeletronico.org agradece à Patrícia Cornills pelo envio da notíca.

 
 

Things you can do from here:

 
 

sexta-feira, maio 07, 2010

Prêmio Microsoft Educadores Inovadores

A quinta edição do Prêmio Microsoft Educadores Inovadores está com inscrições abertas para projetos que façam uso das tecnologias da informação e da comunicação desenvolvidos por educadores de escolas públicas (estaduais, municipais ou federais), Fundações, Secretarias Municipais e Estaduais de Ensino, Núcleos de Tecnologia Educacional (NTEs ou NRTEs) e Escolas Técnicas Públicas.

"As inscrições vão até o dia 02 de julho, a premiação acontece no dia 04 de agosto em São Paulo. Os vencedores vão ganhar um notebook e os responsáveis pelos projetos vencedores das categorias de Ensino Básico concorrerão com educadores de todo o mundo e serão os representantes do Brasil nas etapas internacionais do evento, que este ano será na África do Sul, país da Copa. Mais informações sobre o prêmio, as regras, quem pode participar etc, estão disponíveis no site: www.educadoresinovadores.com.br"
Toda a promoção que de visibilidade à projetos educacionais é bem vinda e o prêmio Microsoft vem destacando educadores realmente inovadores como Marli Fiorentin e Bernardete Motter, entre outros. A partir da premiação, estas educadoras puderam dar um maior impulso a seus projetos e obtiveram reconhecimento e apoio em suas escolas e comunidade.

Todavia, no Regulamento, é preciso considerar e refletir sobre as sequintes questões:

"Serão considerados projetos que utilizem tecnologia Microsoft podendo estar aliada a outras.

Os projetos enviados não serão devolvidos e passarão a fazer parte do acervo da Microsoft, que poderá livremente fazer uso dos mesmos, inclusive para divulgação posterior dos conteúdos e imagens no site do Prêmio Microsoft Educadores Inovadores:

OS PARTICIPANTES, NO MOMENTO DE SUA INSCRIÇÃO, CONCORDAM EM TRANSFERIR DE MODO NÃO EXCLUSIVO, A TÍTULO NÃO ONEROSO E UNIVERSAL E PARA USO MUNDIAL - NA FORMA DO ART. 49 DA LEI FEDERAL Nº 9.610/98 - OS DIREITOS DE AUTOR SOBRE O CONTEÚDO DOS PROJETOS INSCRITOS, PODENDO A PROMOTORA LIVREMENTE UTILIZÁ-LO PARA TODA E QUALQUER FINALIDADE LEGALMENTE PERMITIDA." (em maiúsculas no regulamento)

O participante deve concordar com o regulamento que inclui os as regras acima. Projetos inovadores que usem somente softwares livres ficam excluídos e todos os projetos, selecionados ou não, passam a pertencer à Microsoft. Os autores premiados perdem seus direitos de autor.

Na minha opinião, inscrever um projeto passa por ler atentamente o regulamento, considerar os benefícios de visibilidade, reconhecimento, aportes ao projeto diretos e indiretos, frente as questões regulamentares que apontei acima.